PRAÇA DA REPÚBLICA REABILITADA E COM VESTIGIOS ARQUEOLÓGICOS PRESERVADOS

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Uma parte importante da História árabe de Albufeira está agora ao alcance de todos: os vestígios de duas casas do período islâmico (seculos XII-XIII), situados na actual Praça da República que foi, em tempo, o centro do Castelo de Albufeira. Tratou-se da primeira obra do PARU a ser inaugurada e envolveu um investimento de cerca de 100 mil Euros.

A inauguração das obras de reabilitação da Praça da República e Musealização dos Vestígios Arqueológicos do período islâmico e o concerto, á noite, de Dulce Pontes, no Largo dos Paços do Concelho, foram os momentos que marcaram as comemorações do Dia 10 de Junho, Dia de Portugal, no Município de Albufeira. Na Praça da República, a cerimónia contou com a presença da Delegada Regional da Cultura, Alexandra Gonçalves, a qual salientou a criteriosa opção de requalificação, a qual permite a visualização dos vestígios arqueológicos sem correrem riscos.

Estes vestígios referem-se a duas casas do período islâmico (seculos XII-XIII), em conjunto com muitas outras que estavam dentro do Castelo e que era o local onde residia a elite política e a guarnição militar da vila de então. Refira-se que a fortificação medieval de Albufeira (al-Buayra) desempenhou elevada importância estratégica para defesa marítima do Algarve Islâmico e era formada por um Castelo construído naquela praça, da qual apenas resta a Torre do Relógio e as muralhas que protegiam toda a elevação. Quanto á solução encontrada, foi a de construir em torno dos vestígios um círculo de placas que permitem a visualização dos achados e, ao mesmo tempo, criar efeitos de luz natural. Deste modo evita a intrusão humana no espaço e, ao mesmo tempo, garante a continuidade de todas as funcionalidades do espaço envolvente. Foi uma obra que envolveu um investimento total de 105.653,15€, e será financiada a 65% (68.674,55€) pelo Programa Operacional Regional do Algarve (CRESC Algarve 2020), sendo esta a primeira obra aprovada dos Planos de Ação de Regeneração Urbana (PARU), os quais, na totalidade, rondam cerca de um milhão de euros. Esta operação teve um custo

“Houve um diálogo que se foi estruturando, ao longo de muitas trocas de informação antes do projeto ser submetido a uma apreciação técnica e efectiva”, disse Alexandra Gonçalves. “Estes projetos – continuou – são de valorização mas também de salvaguarda e havia que escolher uma narrativa e uma tipologia de intervenção. Falamos bastante em fazer-se o registo, a salvaguarda, chegar a tapar toda a praça e não ficar nada visível, dados os riscos que se corre quando se tem arqueologia a céu aberto. Mas de facto, a opção foi inteligente. É uma opção que ficou num

intermédio, pelo que ficam os parabéns à equipa projectista e executora, pois permite-nos fazer uma leitura dos períodos históricos que aqui se encontram e, ao mesmo tempo, haver uma fruição pública deste património, enquanto se salvaguarda o restante património circundante e sem colocar em causa a circulação na praça, permitindo um projecto público no qual a comunidade usufrua do bem-estar de se encontrar ao ar livre, sentado, neste espaço.”

Perante a assistência, a delegada regional da Cultura deu os parabéns à Câmara Municipal e ao Presidente do Município, “por todos estes projectos com que têm estado a apresentar e a dialogar connosco; hoje, existe de facto em Albufeira um olhar novo e diferente sobre o património em relação a outros momentos no Algarve. Albufeira é conhecida sobretudo por ser um destino turístico muito associado aos anos 80, um período de maior massificação, em que em que o sol e a praia como elementos preponderantes fizeram sobrepor a ocupação humana o mais perto do mar e da praia, sem ter havido o devido olhar à preservação e salvaguarda daquilo que é a nossa identidade e que está por baixo dos nossos pés em todo o sítio. Há hoje uma projeção no futuro e uma valorização no dia a dia desta narrativa da nossa história, e que será bom que comece a ser partilhada com a população em geral”.

Visivelmente satisfeito, o Presidente da Autarquia referiu ser esta uma obra que se “enquadra na política da Câmara Municipal, que é a de valorizar o nosso património histórico, que não é extenso, mas que o temos. Como tal, tem que ser recuperado e devolvido à população a qual tem que conhecer as suas raízes para que possa estimar cada vez mais Albufeira”, explicou Carlos Silva e Sousa, salientando que “um dos objectivos programáticos da Regeneração Urbana é que os privados também invistam nas áreas urbanas e neste momento, Albufeira já tem intenções de investimento privado na ordem dos seis milhões de euros, pelo que o investimento público terá que ser de 3 milhões para o efeito”. Note-se que existem diversos benefícios quanto ao investimento privado nas zonas urbanas, nomeadamente isenção de taxas, o não pagamento de IMI ao longo de cinco anos e muitos outros. “Será uma grande riqueza que fica na nossa terra”, concluiu o autarca.

Por seu turno, o Presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, Paulo Freitas, salientou todo o empenho da Câmara Municipal nesta obra, nomeadamente o da Vereadora da Cultura, Marlene Silva e assinalou que “toda a obra é controversa; quando se faz uma obra, a crítica está sempre ao lado do desafio; aqui, vemos o que é possível fazer-se de acordo com as opções técnica e arqueológica adequadas. Aprendemos todos muito mais com esta solução, sendo ela minimalista, pois salvaguardamos o que está por baixo dos nossos pés, permitindo em simultâneo revisitar o que foi o princípio desta cidade. Todos os albufeirenses estão de parabéns porque estamos a valorizar tudo aquilo que nos foi deixado por todos os povos antes de nós”.

À noite, Dulce Pontes encantou uma plateia de cerca de 3000 pessoas que em uníssono gritou por “Portugal”. A voz da “Lusitana paixão” apresentou o seu novo álbum, “Peregrinação”, numa noite quente e onde o Largo dos Paços do Concelho viu devolvida a sua vocação de ponto de encontro e de lazer.

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Data de Publicação: 

2017/06/19