As Serenatas de São Valentim regressam na noite de 14, para perpetuar tradições, alegrar as “donzelas” de outrora que moram presentemente na zona mais antiga da cidade e, deste modo, celebrar o afecto pelo património da cidade. Poemas, rosas e baladas, são a oferta da CTC - Companhia de Teatro Contemporâneo e Ecos de Coimbra, com o apoio do Município de Albufeira, para uma noite de boémia à qual todos se podem juntar.
No próximo dia 14, Dia dos Namorados e, por tradição, sob a bênção de São Valentim, as Serenatas vão voltar a ser ouvidas pelas ruas mais antigas da cidade, onde ainda moram as donzelas de outrora. O programa deste ano tem o seu início frente aos Paços do Concelho onde serão cantadas serenatas a um grupo de mulheres que se encontrarão numa das varandas. Depois, em grupo, serão percorridas as ruas da baixa e, tal como no ano passado, o túnel que liga a malha urbana à Praia dos Pescadores, será o arco que abrigará a sessão final.
Com o apoio do Município, uma vez mais, a CTC – Companhia de Teatro Contemporâneo e os Ecos de Coimbra juntam-se para reavivar o amor e as memórias das mulheres que habitam as ruas da baixa, onde moram, regra geral, de modo solitário. Desta forma, não só se perpetuam tradições eminentemente portuguesas, como convidam à revisitação do património urbano, nem por todos conhecido, mas que mantém traços ancestrais, como a estreiteza das ruas em pedra, as casas de janelas pequenas com vasos de flores, os azuis das portas ladeadas a plantas, as conversas entre vizinhas, os pátios com buganvílias e os candeeiros de luz amarela nas esquinas.
As Serenatas ao luar possuem esta designação por terem a sua origem muito antes do aparecimento dos lampiões a gás. Com origens na Idade Média, como popularização das cantigas trovadorescas às amadas (Cantigas de Amigo e de Amor, cantadas especialmente para as damas dos castelos e palácios), as Serenatas foram aos poucos extrapolando os muros dos palácios e mesclaram-se com as manifestações populares, entre as novas camadas sociais urbanas. Disso nos dá conta o teatro de Gil Vicente, nomeadamente na farsa de 1505, “Quem tem farelos?” e ainda no “Auto de Inês Pereira”.
Predominantemente ibérico, este costume cultural consta de entoação de canções de carácter sentimental à noite pelas ruas por grupos de músicos e poetas que, saídos das festas, iam depor-se às janelas das suas pretendidas, daí ser uma manifestação associada a São Valentim, tido por patrono dos namorados desde o tempo do imperialismo romano.