POETA ARY HOMENAGEADO EM ESPETÁCULO A PROPÓSITO DE ABRIL

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Canções e poemas, cravos e companheirismo, serão as notas dominantes no espetáculo do próximo domingo, no Auditório, que evoca um tempo onde a poesia era uma das mais eficazes armas contra a ditadura. Ary, é o nome que centra um tempo que não esquece. Entrada livre

Recordar a faceta irreverente, entusiasta e revolucionária de José Carlos Ary dos Santos, é o propósito do espetáculo marcado para o próximo domingo, dia 24, no Auditório Municipal de Albufeira, às 21h30.

“Ary, o poeta das canções” é o espetáculo que junta Joaquim Lourenço, Voz (Ex-Cantor e Ator da Broadway e da Off-Broadway), João Guerra Madeira, Piano (Compositor de Bandas Sonoras e Arranjador), João Ricardo Almeida, Contrabaixo (Escola Jazz do Hot Clube de Portugal), Ricardo Branco, Saxofones (Escola Superior de Música de Lisboa), Pedro Amendoeira, Guitarra Portuguesa (Concertista, Fado e World Music), Catarina Gonçalves, Bailarina (Escola Superior de Dança de Lisboa e Conservatorio Superior de Danza de Valencia), Filipe Trigo e Renato Grilo, Multimédia (Realizadores, Designers e VJs). Do programa constam êxitos como “O amigo que eu canto”, “Desfolhada”, “Canção de madrugar”, “Cavalo à solta”, “Tourada”, Estrela da tarde”, “O Homem da cidade”, O Cacilheiro”, “Tango ribeirinho”, “Homem das castanhas”, “Lisboa, menina e moça”, “Sete letras”, “Os putos” e ainda a canção que marcou a Revolução, “E depois do adeus”. Como não poderia deixar de ser, a “voz” de Abril também estará igualmente presente: “Grândola”, de Zeca Afonso, vai terminar com chave de ouro este tributo a Ary.

Conhecido como o poeta da Revolução de Abril, Ary autodefine-se com o poema “Poeta castrado, não”, embora a sua popularidade se manifeste igualmente em composições de caráter passional. Comunista convicto, obteve o primeiro lugar do Festival da Canção com “Tourada”, cantada por Fernando Tordo em 1973, que pretendia, clandestinamente, divulgar a repressão que se vivia no país. Os ataques à ditadura fizeram-se ainda notar nos primeiros prémios que granjeou no Festival da Canção da RTP, com “Desfolhada” cantado por Simone de Oliveira e “Menina” interpretado por Tonicha. Basicamente, todas as suas canções são uma metáfora do que se passava com a ditadura no Portugal de então. O poeta Ary nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1936, no seio de uma família aristocrata e veio a falecer também em Lisboa a 18 de janeiro de 1984. Aos 16 anos viu os seus poemas serem selecionados para a Antologia do Prémio Almeida Garrett mas só em 1963 é que publica o livro de poemas com que se estreia efetivamente, “A Liturgia do Sangue”, ao qual se seguiram obras como “Tempo da Lenda das Amendoeiras” (1964), “Adereços, Endereços” (1965), “Insofrimento in Sofrimento” (1969), “Foto-grafias” (1971) e “As Portas que Abril Abriu” (1975).

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