A Torre Albarrã que integra o Castelo de Paderne vai ser alvo de uma intervenção de restauro, valorização e conservação, que resulta da cooperação entre o Município de Albufeira, a Direção Regional de Cultura do Algarve e a Fundação Millennium BCP. Os protocolos de colaboração, assinados nos Paços do Concelho de Albufeira na passada sexta-feira, determinam uma comparticipação financeira de aproximadamente 100 mil euros.
O Castelo de Paderne volta a ser alvo de uma obra de restauro, valorização e conservação que consiste na reconstrução da Torre Albarrã, um importante elemento de defesa do monumento classificado de interesse nacional.
A intervenção, já há muito ambicionada pelo Município de Albufeira, tornou-se possível graças aos acordos de cooperação firmados com a Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCA) e com a Fundação Millennium BCP. O total da obra, estimada em cerca de 100 mil euros – restauro da torre, introdução de sinalética e manutenção da zona evolvente-, irá ser assegurado da seguinte forma: 75% pela DRCA mediante candidatura a financiamento europeu que será efetuada até ao próximo dia 20 de agosto; 25% pela Câmara Municipal de Albufeira até um montante máximo de 30 mil euros; e a comparticipação de 30 mil euros por parte da Fundação Millennium BCP, na qualidade de Mecenas.
Durante a sessão de assinatura dos protocolos, que teve lugar no passado dia 29 de julho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, Carlos Silva e Sousa salientou que “temos a obrigação de zelar por aquilo que é nosso. Um povo deve tratar da sua herança cultural e valorizá-la cada vez mais”. Visivelmente satisfeito por assistir à concretização de uma antiga aspiração para o concelho e para a freguesia de Paderne, o presidente da autarquia relembrou que “existe uma relação de proximidade entre a cultura e a nossa principal atividade que é o Turismo. A concorrência é cada vez mais feroz e uma das formas de afirmação e diferenciação está ligada ao nosso património cultural”. O autarca anunciou ainda que está a ser criado um conjunto de medidas para atrair mais pessoas a Paderne “para que possam desfrutar daquele território e com isso enriquecer o reconhecido destino a nível internacional que é Albufeira”. Entre essas medidas destacamos a recém-criada estação de biodiversidade e os três percursos pedonais que se encontram a ser implementados. “Queremos continuar com um trabalho de criação de mais fontes de atração a Paderne para que a sazonalidade possa ser contrariada pela parte cultural”, sublinhou Carlos Silva e Sousa.
O projeto de conservação e restauro dos módulos de taipa almóada do Castelo está a cargo de Manuel Lopez Vicente, arquiteto espanhol responsável pela assessoria técnica prestada pelo IPPAR aquando da obra de conservação e restauro das muralhas de taipa do Castelo, realizada em 2004/2005. O arquiteto liderou uma visita ao Castelo, que antecedeu a assinatura dos protocolos, onde explicou “in loco” a intervenção que será realizada na torre.
“O Castelo de Paderne faz parte dos investimentos prioritários número um para recuperação de património cultural no Algarve. Havia uma necessidade urgente de fazer uma intervenção neste monumento pela sua importância não só simbólica, mas também patrimonial”, referiu Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve, frisando que esta é apenas uma parte da intervenção que o monumento necessita. “O valor total da intervenção ultrapassa os 400 mil euros, mas nesta primeira fase irá avançar apenas a recuperação da torre, que apresenta sinais visíveis de degradação devido ao seu desboroar por via do material em que foi construído, ou seja, a taipa é a técnica construtiva mas na base estão argilas”, salientou a dirigente. O Castelo de Paderne, construído na segunda metade do século XII, é um dos melhores exemplares de construção de taipa militar a sul do Tejo e da Península Ibérica. “Este monumento é o símbolo de um período, de uma história de 900 anos de permanência que estrutura aquela paisagem, com técnicas construtivas aplicadas que não existem em muitos sítios”, destaca a diretora regional, que considera o projeto de “relevo para o turismo e cultura do Algarve”.
Na qualidade de mecenas, a Fundação Millennium BCP associou-se ao projeto que considera “de extrema importância” por estar relacionado com um ex-libris de Albufeira. “Quem quer que entre no Algarve vindo de Norte, por terra, depara-se com a imagem do Castelo de Paderne, uma imagem que está ali há mais de 900 anos. E se ela chegou até hoje seria pecaminoso não conservar aquilo que herdámos com um passado tão carregado de anos e de significado”, afirmou Fernando Nogueira, presidente da entidade bancária que marcou presença nos Paços do Concelho para assinar o protocolo de colaboração com a DRCA. Fernando Nogueira relembrou que a fortaleza foi um dos últimos castelos conquistados à ocupação muçulmana e que permitiu a construção do Estado português. “Estamos aqui a ajudar a preservar um monumento que se distingue dos outros pela sua antiguidade e porque pode trazer mais-valias a Albufeira e ao Algarve, e ser gerador de emprego”, garantiu, acrescentando que “é uma dupla alegria poder ajudar Albufeira, onde sou munícipe por adoção durante o verão, e poder continuar a contribuir para o bom trabalho em prol da promoção da economia do património em Portugal”.
As muralhas do Castelo envolvem uma área com cerca de um hectare e encontram-se separadas da torre albarrã por aproximadamente um metro de distância. Considerado um dispositivo de defesa, a torre tem seis metros de base e nove de altura. “Este é um castelo singular com apenas uma torre, que se tornará ainda mais imponente depois da sua recuperação”, ressaltou o presidente da Assembleia Municipal de Albufeira na sua intervenção. Paulo Freitas apelou para que a população conte a história que envolve “este castelo único na sua essência e um exemplo típico do que são 900 anos de história”.
Recorde-se que durante os meses de julho e agosto, o Castelo de Paderne encontra-se aberto ao público todas as quartas-feiras, entre as 10h00 e as 18h00. Trata-se de uma iniciativa do Município de Albufeira e da Direção Regional da Cultura do Algarve com o intuito de dar a conhecer um dos mais importantes monumentos da região.