Durante a tarde deste segundo dia do “Albufeira 21-Summit”, a tónica foi para a necessidade de não haver tanta burocracia e mais diálogo entre os diversos poderes e os agentes económicos, as escolas e as entidades de formação. O dia encerrou com dados alusivos ao futuro do Município, onde se prevê investir, só na área da “sustentabilidade ambiental e inovação”, 10 milhões de euros num prazo de oito anos. O Município prevê ainda fazer uma utilização na ordem dos 90% da água residual tratada, iniciar o processo para a neutralidade carbónica do setor e obter a certificação ISO Qualidade no Ambiente, Segurança e Responsabilidade Social.
No período da tarde deste segundo dia, o “Albufeira 21-Summit” deu primazia aos temas Emprego e Empreendedorismo, Agricultura e Mar, Educação e Formação Profissional e aos Serviços Municipais das áreas de Transportes Urbanos, Higiene Urbana, Eficiência Energética e Águas e Saneamento.
A primeira intervenção, dedicada ao Emprego e Empreendedorismo, foi pela Diretora do Instituto de Emprego e Formação Profissional, Madalena Feu, que centrou a sua apresentação em três áreas distintas: situação atual do desemprego, respostas do IEFP para ajudar a manter e a dinamizar o emprego na região em articulação com as entidades locais e a identificação de pistas para o desenvolvimento no futuro. De acordo com os dados apresentados, de fevereiro de 2021, Albufeira regista 6 658 desempregados, para um total de 33.459 a nível da região (cerca de 20%) com o grosso dos inscritos registados há mais de um ano (resultado da suspensão das atividades e da crise pandémica), os quais apresentam um nível de escolaridade bastante superior à média do Algarve (43,6% inscritos com o nível secundário em Albufeira, enquanto nos restantes concelhos é de 36,8%). Como característica específica aponta o número elevado de estrangeiros de países terceiros- 40%. Madalena Feu sublinhou que “nesta crise provocada pela COVID-19, Albufeira já ultrapassou a crise verificada em 2012/2013, sendo o único concelho do Algarve em que isto aconteceu”.
Ao nível das respostas disponibilizadas pelo Instituto, destacou os Apoios à Criação do próprio Emprego com um peso pouco significativo no concelho (em 2017 houve um total de 14% de candidaturas e em 2018, apenas 9%), a Formação Profissional, sendo que no momento só existe um balcão de atendimento cedido pela Câmara no âmbito do Qualifica com um total de 1. 461 inscritos, 451 RVCC e 255 certificações. Como caminhos para o futuro de Albufeira em termos de Emprego e Empreendedorismo apontou a diversificação da economia local e da oferta turística e a qualificação/reconversão de Recursos Humanos. Para o efeito o IEFP, em parceria com o Município, irá construir um Pólo de Formação Profissional em Ferreiras para jovens e adultos, especialmente vocacionado para o Turismo e outros setores com potencial de crescimento no concelho, nomeadamente na área da transição digital e da promoção da aprendizagem ao longo da vida. Há também que fazer a manutenção e o reforço das estruturas existentes: Balcão de Atendimento, GIP, Centro Qualifica e implementação do trabalho em rede. No que respeita à economia local é preciso fomentar a criação de emprego: “Há potencial de crescimento. Temos que aproveitar os recursos naturais e endógenos como o Turismo de Natureza e promoção de experiências, Artesanato, Gastronomia local, as indústrias criativas, o ambiente, a saúde e bem-estar, entre outros”, destacou.
A mesa de debate que se seguiu foi moderada por Cristiano Cabrita, chefe de Divisão de Comunicação, Relações Públicas e Relações Internacionais do Município de Albufeira, com as presenças de Ricardo Mariano, Pedro Bastos e Nuno Palma, “três empresários de sucesso”. Ricardo Mariano é o diretor da Timming, grupo empresarial de recursos humanos detentor de nove empresas. Salientou ter havido durante a pandemia um deslocamento dos profissionais das diversas áreas do turismo para outras atividades. ”Creio que com esta migração laboral o futuro vai trazer-nos novos desafios”, referiu. Este empresário diz que “só com tolerância é que se pode caminhar em tempos adversos, pois apesar de haver a máxima empresarial de que tempo é dinheiro, não podemos pensar só em nós”. Para este profissional é necessário um gabinete forte de apoio á criação de empresas que “as elucide e ajude a evitar que por dez empresas criadas só uma sobreviva”.
Pedro Bastos, é um albufeirense com infância passada na Praia dos Pescadores, descendente de uma família de comércio de peixe fresco. Criou a Nutifresco e exporta para 10 países. “O nosso peixe é muito valorizado, é de ‘classe mundial’ e apostámos numa primeira fase na proximidade entre o mar e o chef”. De tal maneira a qualidade do pescado é considerada pela sua empresa, que chegou mesmo a contratar o chef japonês Tomo para dar formação aso pescadores acerca do modo de matar sem causar dor ou stress ao peixe, mediante uma técnica, denominada ‘ikejime’, “que existe no Japão pelo menos há 250 anos”. Este empresário diz-se triste por ver o desinvestimento que houve no nosso mar e considera que Albufeira deve estar mais alinhado com a chamada “economia azul”, posicionando-se com maior envolvência no que diz respeito a “um dos melhores ecossistemas marinhos do mundo e que se encontra frente a Albufeira e Armação de Pera. O concelho podia investir não só no conceito de praia-para-terra mas também de praia-para-o-mar, ou seja, numa economia azul, à qual a cultura do peixe está associada e esta economia deveria ser alavancada por nós e pela Autarquia”. Não obstante, Pedro Bastos acusa aquilo a que chama o “complicacionismo português”, ou seja, a burocracia, e deu como exemplo, o facto de ter pretendido criar uma linha de congelação de mariscos: “temos um grande banco de gambas na nossa costa e temos um armazém para o efeito, mas o engenheiro começou logo por barricar essa possibilidade”. O licenciamento na área alimentar “é complicadíssimo e se fosse mais flexível, estaríamos a criar postos de trabalho”.
Por seu turno, Nuno Palma, ligado à animação noturna, afirmou que “uma cidade não pode fechar as portas durante o inverno”, admitindo que “por parte dos empresários nem tudo o que tem sido feito tem sido o mais correto” e, na medida em que “temos parte nesses erros, também temos que fazer parte da solução”. Para este empresário, parte da solução passa por uma animação integrada, por restauração de rua, eventos gastronómicos e outros. “Vender o Inverno significa repensar a oferta. Somos parte da solução e a vida noturna é fundamental nos destinos de sol e mar”. Quanto a determinados episódios “isolados” reconhece que não dignificam Albufeira e que “têm que ser solucionados. A vida noturna termina com o nascer do dia, o problema é quando se alcoolizam ao início da tarde, pelo que é necessário criar regras à semelhança de Marbella e Palma de Maiorca e há que responsabilizar o setor privado”. Nuno Palma considerou ainda que há a necessidade de “reconhecer determinadas áreas como sub-marcas, o caso da Galé, a baixa da cidade, Oura e Olhos de Água e Falésia, como um produtos integrado e em sintonia”, a fim de gerar “um valor mútuo”, a par de um embelezamento de todo o concelho.
A mesa sobre o tema de Agricultura e Mar, contou com a intervenção de Pedro Valadas Monteiro, da Direção Regional de Agricultura e Mar. “A Agricultura e o Mar são temas bastante ambiciosos num concelho de excelência do Turismo nacional”, referiu, frisando que” são áreas que podem alavancar a economia com o desenvolvimento de sinergias com o Turismo”. Na sua intervenção identificou várias ameaças, nomeadamente ao nível do litoral com uma enorme sobrecarga populacional e um interior envelhecido, referindo ser urgente resolver estas assimetrias, alterações climáticas que afetam o território, sobretudo a zona sul de Portugal e a Andaluzia com períodos de seca recorrentes, a tendência para concentração de construções e atividades fixas na faixa costeira, a sobrecarga dos sistemas lagunares, o desordenamento das atividades marítimo-turísticas, a enorme pressão exercida sobre a biodiversidade com implicações enormes a nível das pradarias marinhas e da sobrevivência de espécies em vias de extinção como o cavalo-marinho, erosão costeira, etc. Mas nem tudo são ameaças, frisou: “temos um conjunto extenso de oportunidades: um litoral com cerca de 987 quilómetros de costa, a maior população consumidora de peixe da Europa com espaço para a produção de aquacultura e o turismo tem vindo sempre a crescer, à exceção deste período de pandemia”. Pedro Monteiro destacou os vários negócios emergentes na área da Pesca e da Indústria Agroalimentar, destacou o Plano Regional de Eficiência Energética que permite o aumento da capacidade de aprovisionamento de água na região e terminou com a apresentação dos caminhos possíveis para o desenvolvimento da área. As estratégias para o futuro, sublinhou “assentam em quatro agendas da Estratégia 2030”, nomeadamente na Agenda 1, com enfoque nas pessoas, numa aposta clara na sustentabilidade demográfica, inclusão e luta contra a exclusão, resiliência do sistema de saúde, garantia de habitação condigna e acessível, combate às desigualdades e discriminação, na Agenda 2 que passa pela digitalização, inovação e na qualificação dos Recursos Humanos como motores do desenvolvimento, na Agenda 3 que tem a ver com a transição climática e a sustentabilidade dos recursos e na Agenda 4 que aponta para um País mais competitivo externamente e mais coeso internamente. Terminou a sua intervenção referindo que o que se pretende é “desenvolver um hipercluster das atividades do Algarve” com vista a aumentar o trabalho e a economia em rede.
A respetiva mesa foi moderada por Nuno Tiago Pinto, Chefe de Redação da Revista Sábado, que se fez acompanhar de empresários ligados a ambos os sectores.
Joana Fernandes, sócia da Quinta do Canhoto, uma das duas empresas do concelho de enoturismo, cuja adega abriu em 2020, referiu que durante este período pandémico a empresa tem vindo a resistir porque tem venda de “bons vinhos” ao consumidor, lançados em 2017. Esta jovem empresária defende uma produção agrícola sustentável e é de opinião que o selo de qualidade atrai mercados turísticos. Joana Fernandes considera ainda útil rever-se as áreas previstas para apoios financeiros, na medida em que “a localização não pode ser um fator de exclusão e só as zonas de interior é que beneficiam de determinadas linhas de apoio à agricultura”.
Quem concorda com esta situação, é João Bacalhau, sócio gerente da Horta da Orada. Este empresário diz que em Albufeira “não adianta produzir em escala, importa, sim, reduzir a dependência”, lembrando a crise que há anos assolou a região quando os transportes de mercadorias fizeram greve e quando se registou a escassez de gasolina. “Um homem só é livre quando abrir a porta e tiver à sua frente os produtos que consome”. Diz que é importante a venda direta, mas que os meios digitais têm permitido uma grande agilidade de venda e por isso tem a sua plataforma de venda online. Outra situação a ter em conta no futuro é a de uma agricultura regenerativa, com aproveitamento de restos de “verdes” para cobertura de solos, na medida em que minimiza o custo de água e “é necessário tirar mais partido dos nossos recursos hídricos”.
Também ligado à terra, Luis Silva, gerente da Quinta do Mel, aponta que o desafio de futuro é trabalhar na sustentabilidade ambiental, especificamente da sua empresa que existe há cinco gerações. Acusa a degradação da biodiversidade, dos recursos e frisa que “regenerar, é um desafio à escala mundial. Temos problemas graves que têm a ver com práticas agrícolas erradas e que nunca colocou nos seus custos a degradação ambiental, pelo que o nosso desafio é regenerar”. A sua empresa “foge” à agricultura de escala e à monocultura. “Uma das bandeiras da politica agrícola comum é a do jovem agricultor, que hoje tem que perceber de agronomia, microbiologia, relação entre seres vivos, tecnologias para monitorização e comercialização, mas que trabalhe a uma escala mais pequena. Na verdade, importa voltar a uma escala natural”. Este empresário considera que “o Município deveria discriminar positivamente os produtos do concelho, quer nas suas cantinas, nas instituições e outras, no sentido de uma economia local circular.”
Por seu turno, Miguel Reis, presidente da APPA – Associação Profissional de Pescadores Amadores aponta que os pescadores sofreram com a pandemia, estiveram com paragens consecutivas e que os preços decresceram, devido ao encerramento de restaurantes e hotéis. Diz ainda que face ao desemprego, “houve um aumento de pescadores, pessoas que já tinham a cédula marítima, nomeadamente jovens ligados ao turismo e que voltaram ao mar, comprando as suas embarcações, porque os outros empregos estagnaram. A pesca não parou.”
A “regeneração do mar” é a ideia de futuro, diz. E acrescenta: “a tendência é pescar cada vez menos no mar, e mesmo assim sob a ótica de uma pesca sustentavel para que os stocks de peixe não acabem. Para o efeito, vamos ter uma área marítima protegida na baía entre Armação de Pera e Galé, o que vai ser bom para a pesca embora com alguns impactos. A nossa pesca é de embarcação de pequeno porte, não temos autonomia para afastamento da costa e com aquela área vamos ficar restringidos. Vai ser uma área de criação de peixe. Há várias contrapartidas, como ter pescado certificado, uma pesca sustentável e isso vai refletir-se como valor no produto final.“ Este responsável espera também ver no futuro a burocarcia reduzida, exemplificando que “para substituir um motor precisamos de uma autorização que às vezes demora três meses, três meses sem trabalhar.” Miguel Reis quer ver ainda no futuro “uma frota de pesca mais modernizada e mais divulgação do pescado da nossa costa, que é de grande excelência”.
Na área da Educação e Formação Profissional, Mauro Figueiredo estruturou a sua apresentação em três pilares fundamentais: a tecnologia como fator essencial na prática pedagógica, a transformação pedagógica e a transformação do espaço de aprendizagem.
“Não podemos perder a oportunidade de introduzir os tablets e os telemóveis na sala de aula para fins educativos; são mais acessíveis que os computadores, um elemento motivador e uma ferramenta essencial para a aprendizagem”, afirmou.
O segundo pilar passa pela transformação pedagógica do modelo expositivo do século XVIII, centrado no professor, para um modelo centrado no aluno e nos diferentes ritmos de aprendizagem. Mauro Figueiredo destacou o desenvolvimento de competências alinhadas com o atual mercado de trabalho, nomeadamente ao nível do pensamento crítico, resolução de problemas, capacidade de trabalho em equipa, bem como a necessidade de fazer a transição para o que chamou de “alunos autores”, que têm um papel ativo no processo de aprendizagem, “aprendem fazendo” com recurso às tecnologias e às competências adquiridas”, salientou.
O terceiro pilar tem a ver com a transformação da sala de aula, que permite trabalhar individualmente ou em grupo, numa sala que funciona como uma espécie de biblioteca, com o professor a assumir o papel de tutor no processo de aprendizagem. Referiu também a importância da aprendizagem hibrida (regime presencial e online), com vista a preparar os alunos para o atual mercado de trabalho, sublinhando que a pandemia trouxe “uma mudança de paradigma com vantagens significativas para o ensino ”.
Numa mesa moderada por Vitor Ferraz, vereador da Câmara Municipal de Albufeira, a diretora do Agrupamento de Escolas Albufeira Poente, Sérgia Medeiros referiu que “uma coisa positiva que a pandemia trouxe foi a de agarrarmo-nos a ferramentas a que não estávamos habituados, e dentro das circunstâncias, correu muito bem”. Esta responsável diz haver nas escolas “poucos recursos” e que, dirigindo oito escolas, “98% do orçamento é para vencimentos”. Quanto aos alunos diz que têm muitos motivos de distração e ensinar “não é missão fácil” e que a flutuação que a pandemia determina em matéria de regimes de aulas nem sempre é fácil de gerir. Neste ponto, Vitor Ferraz aponta que 99% dos contágios são casos que vêm de casa e que “tem que haver planos de contingência familiar”. No futuro, diz Sérgio Medeiros, “os livros vão ser fundamentais porque os nossos organismos não estão preparados, física e emocionalmente, para estarem tantas horas frente ao computador”.
Outra ideia pertinente é a do paradoxo da modernidade, suscitado pela celeridade e pela falta de presença: “quero ver como vai ser, quando os alunos chegarem todos à escola com o seu tablet, quando a rede elétrica não está minimamente preparada para ter tantos computadores ligados, assim como a rede de internet, que não vai sustentar tal sobrecarga”. Sérgia Medeiros referiu que há falta de espaço nas escolas, que teve que adaptar arrecadações a salas de aulas e que decidiu esta semana a oferta formativa, após análise das necessidades do meio e consulta aos alunos: Informática, Turismo e Desporto, foram as escolhas. Por seu turno, o diretor do Agrupamento de Escolas de Albufeira, Domingos Mendes, refere que a “educação diz respeito a todos, configura um todo, a construção e a transformação e isto é do âmbito do humano e da sua possibilidade de desenvolver as ações”. Considera que é urgente rever a questão da quantidade de escolas insertas em agrupamentos e queixa-se das medidas serem tomadas sem que ninguém consulte os professores: “há 20 anos que estou em funções e nunca me perguntaram nada sobre a dinâmica da gestão escolar. Os agrupamentos surgiram por questões de âmbito financeiro e económico, há uns anos, e de lá para cá, nunca mais ninguém disse nada. Isto não tem sentido e o ser humano tem que fazer sentido ou não fará sentido aquilo que faz. Há muita gente a sonhar na escola e não estamos a acompanhar devidamente, como eu gostava. Estou numa escola onde não há espaço para nos mexermos”. Vitor Ferraz sublinhou que a perspetiva é a de que em março de 2022 as escolas passem para a gestão da Autarquia e que isso poderá proporcionar um outro diálogo. Cedendo a palavra a Nuno Sousa, da FRAPAL - Federação Regional da Associação de Pais, foi salientado que “as escolas precisam de ser locais de bem estar” e que “não podem continuar a cerrar a criatividade dos alunos”, sendo necessário ceder formação toda a comunidade escolar, desde pais, alunos e professores, de modo a que os meios digitais sejam articulados com parcimónia no âmbito da realidade escolar.
Entrando na área dos Serviços Municipais, a técnica da Divisão de Transportes Urbanos e Acessibilidades Viárias, Energias e Frotas do Município de Albufeira, Susana Gomes, falou sobre o Plano de Mobilidade de Albufeira, que prevê a construção de uma variante a norte da EM526 (eixo viário/Avenida dos Descobrimentos) com capacidade superior de escoamento de trânsito, reservando a EM526 para percursos urbanos, com a vantagem de reduzir a velocidade praticada nessa via, a criação de um Centro de Micrologística, a alteração de sentidos de trânsito na baixa da cidade com sistemas de controlo de acesso para moradores e comerciantes, a construção de um elevador/funicular que permite a ligação do Pau da Bandeira à Praça dos Pescadores, a implementação de circulação pedonal, percursos acessíveis para todos, modos de transporte suave e a descarbonização das zonas urbanas. Está prevista uma nova concessão para os transportes urbanos, sendo que o GIRO passa de 5 para 11 linhas, com a vantagem de servir uma zona mais abrangente que passa por Olhos de Água, Guia, zonas de praias até à Galé, Algarve Shopping e Ferreiras. Susana Gomes destacou “a inovação e utilização de novas tecnologias” ao nível dos transportes urbanos, nomeadamente através de APP`S móveis, compra de bilhetes online, consulta online de circuitos e horários, integração tarifária, bem como a possibilidade de algumas das linhas permitirem o transporte de bicicletas. “Paralelamente, vamos ter uma linha verde na zona antiga com recurso a viaturas elétricas e maior frequência de horários, que garante que a zona seja essencialmente servida por transportes urbanos (autocarros e táxis) e modos de circulação suave, o que em última análise contribui para o objetivo de descarbonização da baixa”. O Plano contempla ainda a criação de Transportes Flexíveis, que permitem fazer a ligação de zonas de baixa densidade à rede de transportes urbanos e garante o transporte coletivo à maioria da população.
Filipe André, da Divisão de Higiene Urbana e Espaços Verdes, apresentou os futuros modelos de gestão desta área, destacando a Inovação e Sustentabilidade Ambiental no que diz respeito à recolha de resíduos e recolha bi-lateral, às papeleiras smart, ao compactador a energia solar, ao processamento de biorresíduos verdes e, nestes, a transformação e cogeração. Previsto, está ainda um ecocentro móvel, diversos incentivos à participação com a distribuição de 40 mil minicontentores e compostores domésticos, reutilização de águas residuais, campanhas de comunicação e uma grande aposta na transição energética quanto à frota de viaturas. Deste modo, haverá no Município de Albufeira um investimento de 10 milhões de euros a 8 anos, sendo que 500 mil euros serão de financiamento comunitário. Haverá uma valorização de 15% dos biorresíduos e 50% de resíduos verdes. O Município prevê ainda fazer uma utilização na ordem dos 90% da água residual tratada, iniciar o processo para a neutralidade carbónica do setor e obter a certificação ISO Qualidade no Ambiente, Segurança e Responsabilidade Social.
O Município de Albufeira tem feito também um forte investimento na Eficiência Energética e nas Energias Renováveis com vista a combater os problemas ligados às alterações climatéricas e a melhorar a qualidade ambiental do território. Vítor Vaz, técnico da Divisão de Acessibilidades Viárias, Energias e Frotas apresentou o diagnóstico do concelho no que respeita a esta matéria, que inclui sistemas semafóricos de acalmia de trânsito 100% eficientes, iluminação pública que aposta na substituição das lâmpadas tradicionais por tecnologia led – neste momento já foram substituídas 2500 luminárias, numa primeira fase e brevemente serão substituídas mais 1200 no âmbito da segunda fase, prevendo-se que futuramente mais zonas sejam abrangidas – a mobilidade elétrica com uma frota municipal com 14 veículos elétricos, postos de carregamento público, instalação de painéis fotovoltaicos em edifícios municipais, equipamentos desportivos e escolas. Para o futuro prevê-se a instalação de mais postos de carregamento de viaturas elétricas e que a concessão do Giro venha a integrar a rede inteligente Smart City, bem como o sistema semafórico, com o controlo da gestão de trânsito, e da iluminação pública com controlo remoto das luminárias, continuar a implementar sistemas fotovoltaicos com vista à produção de energia para autoconsumo, que agora tem uma nova valência ao nível das Comunidades de Energia Renovável.
Ana Paula Claro, Chefe da Divisão de Águas e Saneamento, apresentou o Plano Estratégico da Gestão Patrimonial do Município, o chamado “GPI”, a nível do abastecimento de água, águas residuais domésticas e águas residuais pluviais. Começou por fazer o enquadramento do setor com a Estratégia nacional, com início em 2000 e até 2013 com o foco na infraestruturação do sistema, de 2014 até 2020 passou para a gestão e promoção da qualidade e eficiência dos serviços, sendo que este ano de 2021 foi o da grande mudança com a inclusão das águas pluviais. “É nesta transição que nasce a gestão patrimonial de infraestruturas que permite ao Município, com risco aceitável, conseguir o equilíbrio entre o serviço prestado e o custo”, sublinha. Ao nível das infraestruturas de abastecimento de água, o Município tem um volume de água entrada no sistema superior a 11 milhões de m3, uma capacidade de reserva de 77 800 m3 e um total de condutas com 762 quilómetros. No que respeita ao saneamento, o volume de água recolhida é de 6 milhões em média por ano e a rede é constituída por cerca de 300 quilómetros de condutas.