Na passada quarta-feira, o Salão Nobre da Câmara Municipal de Albufeira acolheu o Fórum “Vamus Caraterizar e Diagnosticar”, no âmbito do projeto de Mobilidade Urbana Sustentável da região algarvia, promovido pela AMAL. As equipas técnicas que estiveram no terreno nos últimos meses apresentaram os resultados do diagnóstico e caraterização das deslocações na região, com o objetivo de traçar futuros modelos de mobilidade, sustentáveis e amigos do ambiente, que interliguem todos os municípios algarvios.
“Estamos hoje a fechar o primeiro ciclo de caraterização e diagnóstico do projeto de Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve, um momento muito importante para todos, no sentido de podermos ouvir os nossos parceiros e podermos passar a uma segunda fase, que corresponde à construção dos Planos de Ação para a Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS)”. Foi com estas palavras que o 1.º secretário da AMAL- Comunidade Intermunicipal do Algarve, Miguel Freitas, deu início à sessão de abertura do Fórum “Vamus Caraterizar e Diagnosticar”, que teve lugar no dia 26 de outubro, na Câmara Municipal de Albufeira.
A apresentação dos resultados ficou a cargo das três equipas de trabalho que foram constituídas para elaborarem o diagnóstico e os planos de ação das áreas Barlavento (Vila do Bispo, Aljezur, Lagos, Monchique, Portimão, Lagoa e Silves), Central (Albufeira, Loulé, Faro, São Brás de Alportel, Olhão e Tavira) e Sotavento (Alcoutim, Vila Real de Santo António e Castro Marim). Neste trabalho, cooperaram vários parceiros públicos e privados, sendo também chamados a participar todos os algarvios e visitantes da região.
“Esta é uma iniciativa de arranque para a elaboração de um conjunto de PAMUS essenciais à região. A parte de diagnóstico e de caracterização é fundamental, pois é aí que se começam a identificar todos os problemas de um território”, destacou o presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), Eduardo Feio.
Durante a sessão foram ainda revelados os resultados do inquérito online realizado durante o verão e no qual se desafiou os moradores e os visitantes da região a partilhar os seus padrões de deslocação e a idealizar futuros modelos de mobilidade urbana sustentável.
“A questão da mobilidade está na ordem no dia, especialmente no Algarve que é uma região com algumas carências nesta área e que regista picos fortíssimos de turismo, o que torna necessário existir uma interligação entre toda a região, que facilite a deslocação entre concelhos e dentro das próprias cidades”, salientou Carlos Silva e Sousa na sua intervenção. O presidente da Câmara Municipal de Albufeira defende que estas questões não podem ser vistas isoladamente, mas sim como um todo: “os PAMUS deverão conter projetos direcionados para a promoção da sustentabilidade e eficiência de recursos, enquanto objetivo coletivo da região”, acrescenta, convicto de que “o Algarve deve ser dotado de melhores vias de comunicação e transporte que proporcionem qualidade de vida e bem-estar a quem cá vive e a quem nos visita”.
O fórum registou casa cheia com a presença de representantes dos cerca de 50 signatários da Carta de Compromisso pela Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve, que integram o projeto “Vamus – Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve, entre os quais se encontra o Município de Albufeira.
“Esta organização assume uma relevância enorme para o Algarve porque os autarcas resolveram aceitar o repto da Autoridade Nacional e tomar em mãos a resolução de um problema identificado há muito anos e que é a questão da mobilidade no Algarve, mais concretamente as ligações entre as nossas cidades, freguesias e concelhos, para que a curto/médio prazo, ou seja entre 2 a 4 anos, possamos ter uma rede de transportes que liguem uns com os outros” frisou o presidente da AMAL, Jorge Botelho. O dirigente referiu que este projeto de mobilidade “é um contributo que a AMAL e os municípios querem dar em função da qualidade de vida de quem cá vive, de quem nos visita, e da qualidade da nossa mobilidade, que é claramente um fator que não nos favorece em termos da igualdade de oportunidades para todos”.
Jorge Botelho destacou ainda a questão da empregabilidade, referindo que “há pessoas que não têm acesso ao mercado de trabalho porque não têm transporte próprio e não existe forma de se deslocarem de um concelho para o outro porque os horários não combinam ou as nossas redes locais e intermunicipais não funcionam”. A venda integrada de bilhetes que combine as diversas redes é uma das soluções apontadas pelo responsável que traça como objetivo final a sincronização de todas as redes, incluindo a ferroviária. “O Algarve turístico também depende de um sistema de transportes integrado, desde a chegada ao aeroporto até à deslocação entre concelhos, que promove a visibilidade e a competitividade do Algarve e pode ajudar no combate à sazonalidade”, concluiu Jorge Botelho.
Após o Fórum, os parceiros e as equipas técnicas voltaram a reunir-se em workshop fechado, durante três horas, para delinear propostas de diagnóstico e futuros planos de ação, que conduzam à etapa seguinte do projeto, onde se traçarão novos modelos de mobilidade e novas abordagens para o desenvolvimento e implementação do Plano de Mobilidade e Transportes Intermunicipal (PMTI).