Cerca de 80 pessoas estiveram reunidas num simpósio sobre “Sexualidade na deficiência”, no passado dia 14, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge. Instituições, professores, técnicos, familiares e alunos, debruçaram-se sobre duas áreas a ter em conta: a sensibilização da sociedade para o tema e melhores soluções para a saúde sexual de quem tem condicionantes físicas e psicológicas. Um modo diferente de celebrar o Dia dos Namorados em Albufeira.
Com o propósito de lançar na região a discussão em torno da saúde sexual daqueles que possuem condicionantes físicas e psicológicas, o Município de Albufeira realizou um simpósio no passado dia 14 de fevereiro, reunindo cerca de 80 participantes, entre especialistas, estudantes e terapeutas, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge. Diversos mitos foram esclarecidos quanto à diversidade funcional e a grande conclusão é a de que é urgente haver mais debate, sensibilizar a sociedade e formar melhor os profissionais que lidam com realidades diversas.
Foram muitas as instituições presentes, como o caso da UNIR - Associação dos Doentes Mentais Famílias e Amigos do Algarve, NECI- Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso, EXISTIR – Associação para a Intervenção e Reabilitação de Populações Deficientes Desfavorecidas, APATRIS 21 - Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve, ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão, FIR – Fundação Irene Rolo, GNR de Albufeira, Casa do Povo de Messines, Movimento Determinante, Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, professores de agrupamento de escola de albufeira, estudantes, familiares e jovens com deficiência.
Jorge Cardoso, psicólogo e sexólogo, alertou para a parte dos sentimentos e das necessidades dos indivíduos ditos “portadores de deficiência” no que diz respeito à vivência da sua sexualidade, ao passo que Maria Manuela Ralha (autarca responsável pelo pelouro da Ação Social e Deficiência de Vila Franca de Xira) esclareceu acerca dos direitos presentes na Constituição portuguesa para uma vida sexual normal, bem como dos deveres do Estado, ou seja, de toda a sociedade, e das famílias, no sentido de proporcionar uma maior qualidade de vida a quem vê alguns dos seus direitos condicionados.
Um momento alto deste simpósio foi o testemunho de elementos da AAPACDM - Associação Algarvia de Pais e Amigos de Crianças Diminuídas Mentais que se apresentaram perante todos e falaram livremente de como se namora, deseja e sente, mesmo em situações ditas de “deficiência”. Presentes, alguns casais tornaram públicos os seus afetos e os seus projetos de família.
Por seu turno, o psicólogo Tiago Sobral e a diretora técnica Suzete Ruivo, do Lar de S. Vicente, da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, divulgaram as práticas naquela instituição, nomeadamente o trabalho diário com os utentes, para que todos tenham a oportunidade de demonstrarem os seus afetos e deles falarem sem preconceitos. A encerrar o simpósio, a sexóloga Ana Garrett alertou para a grande necessidade de apoiar, intervir e encaminhar todos aqueles que vêm esta área da sua saúde diminuída por questões de falta de esclarecimento e de falsos mitos. As pessoas com diversidade funcional "têm direito a uma sexualidade digna e adequada", salientou aquela especialista.
No final, todos os presentes foram unânimes em considerar que debates como este do dia 14 deverão ser multiplicados e que o assunto deverá integrar a agenda política e social das comunidades.
Afinal diferente mesmo, foi só o modo de celebrar o Dia dos Namorados em Albufeira.