A caminhada, com cerca de 9 km, teve lugar na manhã do passado domingo, dia 29 de maio, e contou com 24 participantes. Com início junto ao Castelo de Paderne, os caminhantes percorreram parte do vale da Ribeira de Quarteira e do Planalto do Escarpão, naquele que é um dos 10 principais geossítios do Algarvensis: o único local no sotavento do Algarve, onde é possível observar a sequência completa dos sedimentos acumulados no Oceano Tethys no Jurássico Superior (161,2 a 145,5 milhões de anos), e que deu origem ao Oceano Atlântico Central.

O certame contou com a presença de José Carlos Rolo, Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, que numa pequena nota de boas-vindas, realçou a importância da preservação e da valorização do património geológico, sendo “o projeto de implementação de um geoparque no interior dos concelhos de Albufeira, Loulé e Silves, uma das melhores iniciativas para trazer ao território, não só cuidados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da Carta das Nações Unidas, mas também a valorizarão dos recursos endógeos e das pessoas que trabalham e habitam estes mesmos territórios”.

“Revitalizar o interior do território é fundamental, criando atrativos de visita, e com isso incrementar a atividade económica local através do artesanato, do alojamento local, da gastronomia e das visitas ao locais de interesse cultural e científico”, revela o edil.

Os primeiros quilómetros do percurso fizeram-se bordejando o leito da Ribeira de Quarteira, instalado num vale profundamente escavado no Planalto do Escarpão, e sombreado pela vegetação autóctone, que oferece frescura no período da manhã, mesmo no Verão. O final da caminhada, já foi realizado no topo do planalto, onde os solos são principalmente de terra rossa, e que exigiram um imenso trabalho de despedrega, geração após geração, para se conseguir solo arável. O Planalto do Escarpão é uma típica região cársica onde a água se infiltra através de sumidouros e dolinas para enriquecer os aquíferos.

Desta forma, os caminhantes puderam observar uma das sequências mais completas dos sedimentos acumulados no fundo do Oceano Tethy e percorrer cerca de 15,7 milhões de anos de história geológica, em três horas e meia, desde um ambiente marinho de águas profundas, passando por tempos mais tempestuosos e um clima mais húmido, até chegar a um ambiente de mar tropical repleto de corais, crinoides e rudistas, onde a temperatura era um pouco mais elevada e que, nos tempos atuais, será o equivalente ao das mar caraíbas.

Todos os participantes desta que foi a primeira caminhada interpretada ao PR4 ABF – Planalto do Escarpão foram presenteados com uma peça de artesanato. A oferta foi desenvolvida pelo Centro Educativo do Cerro do Ouro, em parceria com três artesãs padernesnses, onde o mote foram os produtos endógenos do concelho e o objetivo potenciar e valorizar os ativos locais.

Relembre-se que o aspirante Geoparque Algarvensis é uma área territorial com um património geológico de grande relevo situado na região do Algarve. O projeto alia o desenvolvimento do interior algarvio através da promoção de atividades de geoturismo com a geoconservação e um conjunto de políticas de educação e sensibilização ambiental.

A “Caminhada no Algarvensis: Uma História com Milhões de Anos”, foi uma iniciativa do aspirante Geoparque Algarvensis, organizada em parceria com a Câmara Municipal de Albufeira, constituindo um marco regional nas comemorações da Semana Europeia de Geoparques deste ano.

A implementação do percurso pedestre PR4 ABF – Planalto do Escarpão, foi cofinanciada pelo CRESC Algarve 2020, Portugal 2020, e pela União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.