A Câmara Municipal de Albufeira entregou 71 certificados e cartões “Operacional DAE – Desfibrilhação Automática Externa” aos socorristas de proximidade, formados no âmbito do programa “Autarquia + Segura”. Cada socorrista está afeto a um dos 13 equipamentos DAE instalados em locais estratégicos do concelho e em duas viaturas, com o objetivo de assegurar uma resposta imediata em caso de paragem cardiorrespiratória. Albufeira é o primeiro concelho a nível nacional a disponibilizar este tipo de equipamento na via pública, acessível a qualquer cidadão que tenha formação em Suporte Básico de Vida e DAE.
Na passada segunda-feira, o Município de Albufeira realizou uma sessão de entrega de certificados e cartões “Operacional DAE- Desfibrilhação Automática Externa” a 71 socorristas de proximidade, que receberam formação em Suporte Básico de Vida (SBV) e Desfibrilhação Automática Externa (DAE).
Os socorristas de proximidade - civis, funcionários municipais, e elementos da GNR, Polícia Municipal e Bombeiros de Albufeira - estão aptos para operar com os 13 desfibrilhadores instalados na via pública e em dois veículos (Polícia Municipal e Bombeiros Voluntários). “Agradeço a disponibilidade de todos os voluntários que participaram nesta formação. Ao todo, já foram formadas cerca de 170 pessoas, incluindo operacionais dos Bombeiros Voluntários e militares da Guarda Nacional Republicana. Temos interesse em criar mais grupos de formação, uma vez que quanto mais pessoas souberem utilizar os DAE, maior será a taxa de sucesso do programa e, consequentemente, mais vidas serão salvas”, salientou José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira.
Os equipamentos DAE estão em cabines especialmente preparadas para o efeito e sinalizadas, junto a edifícios âncora, como são algumas estruturas municipais, e em locais com grande afluência de pessoas: Rua do Município (em frente à Câmara Municipal); Pavilhão Desportivo de Albufeira/ Estádio Municipal; Piscinas Municipais/ Campos de treinos do Imortal F.C./ Quinta da Palmeira; Av. Sá Carneiro (Oura); Avenida da Liberdade (Farmácia Alves Sousa); Av. 25 de Abril (Posto da GNR na Baixa da cidade); Miradouro do Pau da Bandeira; Freguesia de Ferreiras (rotunda); Freguesia da Guia (junto à capela); Freguesia de Olhos de Água (antiga Junta de Freguesia); Freguesia de Paderne (Praça Nova).
“Este é um programa inovador a nível nacional e internacional. Trabalho nesta área há 10 anos e não há nenhum sistema que tenha cabines na via pública com abertura remota e com ativação do GSM dos socorristas como tem o Município de Albufeira. O que vemos aqui é algo muito inovador e pioneiro”, atestou Marco Castro, diretor da Blue Ocean Medical, empresa instaladora dos DAE.
Após a sessão de entrega dos certificados, que decorreu no Salão Nobre da autarquia, foi realizada uma demonstração experimental do equipamento DAE inserido na cabine instalada em frente ao edifício da Câmara Municipal, com o objetivo central de testar a interação dos socorristas de proximidade no processo.
A abertura das cabines é realizada remotamente através da central de comunicações dos Bombeiros de Albufeira, que funciona 24 horas por dia durante todo o ano. Quando uma cabine é aberta são de imediato contactados, através de chamada telefónica automática, todos os socorristas de proximidade, num sistema pioneiro, que permite iniciar mais rapidamente as manobras de reanimação, ainda antes da chegada do 112, e com isto aumentar significativamente a probabilidade de sobrevivência da vítima.
“Em 2017, respondemos com os nossos meios a cerca de 100 eventos de paragem cardiorrespiratória, em que apenas sete foram revertidos. Estas sete situações beneficiaram do facto de terem sido assistidas por pessoas que iniciaram de imediato os procedimentos de SBV. O tempo é vida, faz a diferença, e o município de Albufeira está de parabéns por promover este programa inovador”, referiu António Coelho, Comandante dos Bombeiros de Albufeira.
A morte súbita cardíaca é causada por uma arritmia cardíaca chamada fibrilhação ventricular, que impede o coração de bombear o sangue. O único tratamento eficaz para a fibrilhação é a desfibrilhação elétrica que consiste na administração de choques elétricos ao coração parado, possibilitando que o ritmo cardíaco volte ao normal. Nestes casos, a probabilidade de sobrevivência é tanto maior quanto menor for o tempo decorrido entre a fibrilhação e a desfibrilhação.
“Este projeto deve ser reconhecido, divulgado e implementado no resto da região e do país. Todos sabemos que o único tratamento efetivo para a paragem cardiorrespiratória no adulto, sem ser por trauma, é fazer a desfibrilhação. E sabemos também que quanto mais precoce e maior for a acessibilidade da vítima ao tratamento, melhor é a sua capacidade de sobrevivência, recuperando as condições que tinha antes do evento”, referiu Carlos Raposo, responsável operacional da Delegação Regional Sul – Algarve, do INEM.
A sessão contou ainda com a intervenção do Sargento-Ajudante Ademar Brito, em representação do Comandante Territorial da GNR de Albufeira, e do técnico municipal do serviço de Saúde e Segurança no Trabalho, que apresentou o Programa. Todas as entidades envolvidas no PDAE – GNR, Bombeiros Voluntários e INEM – disponibilizaram-se para realizar formações em Mass Training e outras relacionadas com o Programa.
“Os desfibrilhadores são só uma ferramenta, pois são necessárias pessoas que os saibam utilizar. Sugeria que fossem sinalizados todos os locais do município que possuam DAE, incluindo os privados, para que o cidadão comum possa conhecer a sua localização e utilizar em caso de emergência. Por outro lado, o programa tornar-se-á tanto mais robusto, quanto mais socorristas existirem, ou seja, deveria ser ministrada formação a alunos das escolas, que serão os futuros socorristas, e que também passarão algumas noções aos pais”, aconselhou o diretor da Blue Ocean Medical.
Refira-se que o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, vereadores do Executivo Municipal, chefe de gabinete e adjunto do presidente receberam também formação em SBV/DAE. José Carlos Rolo defende que “a segurança é, cada vez mais, um fator decisivo no setor turístico. Este programa vem reforçar o sentimento de segurança de quem nos visita, que certamente se sentirá mais protegido no que se refere a uma possível ocorrência de doença súbita. Somos hoje um município mais seguro”, garantiu.
Qualquer residente pode integrar a equipa de socorristas de proximidade, devendo para isso frequentar um curso de Suporte Básico de Vida e DAE, devidamente certificado pelo INEM.